Um cantinho só meu
pra quando eu quiser ser só eu.


domingo, 26 de abril de 2009

Tive medo de ver um filme de amor hoje, logo hoje, que meu pobre coração - óh pobre coração - parece do tamanho de uma uva passa. Maltratado. Arrasado. Amassado. Cravado de incertezas. Logo hoje, que meu coração ressente os desgastes de um amor mal resolvido. Ou bem resolvido até demais. Que Tristão e Isolda tivessem sofrido menos, e que eu soubesse que o meu fim será menos trágico. E o pior é que não sei. E conviver com essa dúvida faz meu probre coração murchar dariamente. Mas e porque sofrem os amores? Maltratados pela rotina. Desgastados pelo dia-a-dia de acordar e dormir procurando razões que as próprias razões às vezes reconhecem por demais? Seriam felizes aqueles que conseguissem se apaixonar a cada dia. A cada noite bebida com vinho do amor de Isolda. Renovado diariamente, num romance eterno infindável. Amor por si só já é dolorido demais porque faz conviver com a dúvida da eternidade. Ou com a certeza da efemeridade. Do sofrimento. Se pudéssemos nós optar pelo amar ou não-amar, ou por des-amar antes de ser des-amado, será que o faríamaos? Se você começasse a amar sabendo que um dia ia acabar, escolheria o não amar?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Viver sozinha é fácil. Difícil é escolher viver acompanhando. Também eu cheguei a ter dúvidas quanto ao que quero. Como quero e quando quero... Mas optei por escolher uma vida de dois. Ou melhor, duas vidas de dois. Mas talvez tenha optado e esquecido de que é preciso dois pra se viver assim. Talvez eu tenha me descoberto demais. Abri demais tudo o que sou e o que não sou e por isso me tornei uma figura desinteressante. Mas eu sim, ainda sim, me acho meio que interessante. Em todas as minhas formas desinteressantes. Em todos os meus indefectíveis defeitos… Humana, errada, torta, gorda, chata, irritada e irritante. Penso que até deve haver certo charme neles todos. Mas a miopia do dia-a-dia te fez parar de enxergar. É justo. Justo o bastante pra vida que é cheia de surpresas e nos reserva um bocado delas quando a gente acha que está seguro na nossa bolha de vidro. Vendo a vida passar em câmera -lenta, às vezes em branco e preto. Daí, quando menos se espera, vem uma onda e te carrega, te joga de um lado pro outro, te lava, você se afoga em si mesmo e acaba respirando um ar puro de novo. E em algum momento uma golfada de vida te traz de volta...

Sobre mim mesma o que posso dizer é que ainda estou na parte do afogamento, transtornada por não ter percebido os sinais. Talvez cega por confiar demais em uma relação que é como qualquer outra, suscetível à própria vida.