Um cantinho só meu
pra quando eu quiser ser só eu.


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Existe um momento. E é cíclico, eu posso dizer. Em que eu me afundo em mim mesma e perco as forças. Todas elas. Dos pés, das mãos. Me enfio debaixo do edredeon e fico esperando passar. Luzes apagadas, o dedo contantemente no controle remoto. Falta vontade de sair de casa. Sobra medo do futuro. Hoje aconteceu. Ultimamente tem acontecido com certa frequência, devo confessar. Como se eu não tivesse as forças necessárias para re-des-começar de novo. And again and again and again… Mas daí, como uma boa racional tentada ao auto-conhecimento, ou auto-enlouquecimento, diriam outros, lembro que as escolhas foram minhas e dessa vez, prometo, não durará além de hoje. Estou disposta, realmente disposta, a assumir as rédeas, agarrar o boi pelo chifre, sentar no banco do motorista. Mas amanhã, só amanhã. E hoje, ainda hoje, sigo seguindo o fluxo que meu corpo quer. Preciso experimentar profundamente, me debruçar sobre mim mesma e depois emergir. Renascida das cinzas. Que me esperem. Estou realmente decidida! Mas amanhã, só amanhã.

domingo, 3 de maio de 2009

Depois de mais de dois anos desde o primeiro dia em que disse pra mim, estou treinando, pela primeira vez me vi sozinha numa praça. Apenas eu, minha respiração, minha vontade e os obstáculos. Num primeiro momento não soube o que fazer. Comecei apenas começando. Pelo mais fácil. Alonguei braços, pescoço, pernas, articulações e minha mente a mil, sem me dar tréguas, apenas me perguntando: O que diabos você pensa que vai fazer aqui sozinha? Passei a fazer coisas com as quais já estava habituada: flexões, agachamentos, abdominais. E minha mente ainda me desafiando: O que diabos você pensa que vai fazer aqui sozinha? A temperatura do meu corpo esquentou, meu sangue começou a circular com mais rapidez e uma onda de coragem me invadiu. Não que eu estivesse disposta a realizar movimentos incríveis. Não. Eu estava apenas disposta a começar. Disposta a me mover. Coisa que por tempos eu sequer tive coragem. Fiz alguns precisions, outros movimentos que preciso confessar que não sei o nome, alguns equilíbrios, subi muros. Experimentei sequências mais elaboradas com três movimentos seguidos. Alternei com outros movimentos de força e me senti viva. Como nunca havia me ocorrido, algumas fichas caíram. Por mais que eu tivesse lido textos de traceurs mais experientes, por mais que eu já tivesse escutado deles as melhores formas de fazer, pela primeira vez realmente entendi, com meu corpo e não com a minha mente, os porque de várias coisas que eu sempre ouvia. Meu corpo, e não minha mente, me permitiu sentir coisas importantes, que descrevo agora para que eu mesma nunca as esqueça:

Que a mente da gente prega peças e que muitas vezes ela resolve falar conosco milésimos de segundos antes da execução de um movimento. Você não vai dar conta! Esse não é pra você. Quem você pensa que é pra fazer isso? O que foi mesmo que eu comi no almoço? A mente pode ser nossa aliada, mas pode também facilmente se transformar em nosso maior vilão. Perder o foco é fácil. Mantê-lo é mérito. Cale sua mente! Calada ela funcina melhor em seu favor.

Que é importante não deixar a energia se esvair. Mexa-se, não pare, evite sentar-se. Para um treinamento mais produtivo combine consigo mesmo um pequeno desafio para o dia. Apenas entre você e você mesmo. Farei 10 repetições de um movimento. Farei outras 10 repetições de outro. E vá vencendo os pequenos desafios aos poucos e vá se gratificando por executá-los. Tome um gole de água. Alongue-se. Mas não pare. Energia parada é energia desperdiçada. Alterne movimentos de certa dificuldade, com movimentos de força. E ao final, sem reparar já realizou 50 flexões, 100 abdominais, se mantendo em movimento por quase uma hora.

Que os locais mudam muito pouco, o que deve mudar é nossa forma de enxergá-los. Exercite um novo olhar sobre as coisas. Procure novos ângulos. Pense diferente. Como atingir aquele local de uma nova forma, como executar aquela velha forma em um novo local? O que há que ainda não tentei? Tente e surpreenda a si mesmo. Tenho um amigo que funciona como um exemplo vivo. Ele não pára, ele não sossega, ele está sempre em busca, à procura. E a própria procura o instiga sempre a ser criativo. Ele erra bastante. Algumas boas vezes acerta. Mas está sempre tentando.

Que fazer movimentos novos pelo menos três vezes corretamente é essencial Você precisa mostrar ao seu corpo que sim, que ele fez, que ele completou. Nosso corpo tem memória. Memória viva, em movimento. Por isso não esquecemos coisas que são bem aprendidas e bem repetidas, como nadar, andar de bicicleta. Faça a memória do seu corpo funcionar. Force-se a repetir. Quando existe um despêncio grande de adrenalina na nossa corrente sanguínea, o corpo tende a querer parar. Viveu aquela experiência. Ultrapassou o limite. Pronto. Acabou. Mas não… Force-se a repetir. Faça seu corpo ter certeza e repita. Espere o tempo necessário. Nem muito, nem pouco. E repita.

Que mesmo quando treinar na companhia de outras pessoas, é importante exercitar a solidão. Vá para cantos, respire fundo, se encontre, perceba-se. Isso te fará aprender a não dar importância para o que dizem. E nem importância para o que você pensa que os outros estão pensando. O motivo de estar ali é apenas seu e só você sabe qual é. De tempos em tempos reviva a possibilidade de estar só em treinamento, mesmo que outras pessoas estejam ao seu lado treinando. Re-experimente a sensação de contar apenas consigo mesmo.
Eu já tinha resolvido. Estava decidida. Pronta para dizer as palavras que você não teve coragem de dizer. Pronta pra tomar a decisão que você não teve coragem de tomar. Os sinais estavam claros, as pistas apontavam definitivamente. E eu resolvi que te devia esse favor. Acabei optando por seguir em frente, já que você também já demonstrava que não queria mais seguir em frente. Respirei fundo. Decorei seu texto. Ensaiei em frente ao espelho. Pensei nas suas pausas. Nos momentos em que poderia me permitir chorar, como se eu fosse mesmo respeitar. Respirei fundo novamente e bati na porta. Você me atendeu de um jeito diferente. De um jeito que eu sentia saudades. Me cobriu de doze beijos estalados e eu perdi a fala. O texto não veio. Os motivos não vieram. Caiu a máscara. Fiquei sem fala, sem jeito, sem rosca. E meu sub-texto não apareceu. Pensei: Afinal de contas porque mesmo eu havia pensado nisso?
Escrito em 2006. Pra mim sempre pertinente...
Recuperando escritos que estavam perdidos em outros blogs já deletados...


Sofro por antecedência com medo de que isso vá embora. Piedade de mim mesma. Com dó do que vai vir a ser. Não curto massagem, não penso em casamento, não acredito em amor-eterno. E é essa noção de efemeridade que acaba comigo, me mata devagarzinho. Preferia ser burra a saber que tem fim. Mas eu sei. E sinto. E dói tanto. O ignorante é que é feliz!

Fico me perguntando até quando você vai me encher de muito só de olhar? Até quando vai dizer tudo sem dizer nada?

Me leva pra longe. E se acabar a estrada, por favor me avisa, porque não quero ser pega de surpresa. Porque de mim sei eu. E digo que faço de um tudo pra manter o pouco de novo que der: na roupa, no viço, na bossa... Mas sei eu, que sempre é quase ali virando aquela esquina.

Mas não me deixa cair do nada. Vai me colocando aos poucos no chão. Faz esse cuidado pra mim. Faz esse mimo comigo. Que eu não hei de agüentar me ver vazia de novo.

Me avisa assim que a primeira bolha estourar. Me conta quando o trem não passar. Me mostra
quando a água secar. Não quero ser a última a saber. Nem a primeira. Quero ir sabendo, assim como alguém que vai descobrindo que ficou velho. Que não viu o tempo passar

Mas promete que fica até quando não der mais. Sustenta o salto, segura a onda, não come a última mordida. Saboreia até quando não der mais. E vai embora só quando eu estiver quase dormindo. E se possível não me deixa perceber nunca. Entra nos meus sonhos e finge que é de verdade. E lá, nos meus sonhos, continua me levando pra longe, me enchendo de muito...

sábado, 2 de maio de 2009

Difícil convencer alguém de que você vale a pena… Dizer: olha eu sou legal, eu sou bacana. Eu sou aquele alguém que um dia vai te fazer feliz. Porra! Que responsabilidade doida essa de fazer alguém feliz. Ninguém faz ninguém feliz. As pessoas são ou não felizes. Agora convencer alguém de que você pode compartilhar essa felicidade construindo seu barraquinho ao lado já é outra coisa. Dizer: olha, vamos tentar aproveitar a fundação pra economizar concreto. Que tal construir uma cozinha compartilhada?

Daí você tem que provar que é legal, que é viável, que não fuma, não bebe e que será uma parceira sexual incontestável. Que pode parir três filhos sem problemas, que vai continuar firme até os 45, e que não liga se os amigos vierem beber em casa domingo à noite. Que sabe passar, lavar e que sozinha consegue pagar as despesas da casa, caso fosse preciso. Mundo doido esse nosso em que você não pode ser simplesmente o quer e sim aquilo que querem que você seja. Já se formou? Casou? Engravidou? Juntou o seu primeiro milhão? Não usa salto alto? Não conhece Paris? Não bebe Merlot? Nunca experimentou Botox? Largou o emprego? Sem motivos aparentes? Cansou? Como cansou?

Gente! A vida é minha e eu faço dela o que eu bem entender. Se eu quiser rasgar e jogar no lixo eu jogo! É minha! Eu que comprei. Esperei na fila da reencarnação e paguei em suaves prestações. Então me deixa fazer com ela o que eu quiser. Se eu quiser pintar ela de verde com bolinhas roxas eu pinto. Se eu quiser desperdiçar, eu desperdiço. Posso deixar minha vida guardada na gaveta se eu quiser. Posso jogar ela de grilha pela janela. Ela é minha, só minha.

Agora, se você que é um garoto esperto quiser usar a sua como bem entender, fique à vontade. Mas só porque está vivendo uma vida que te ensinaram e não a que você realmente quer, não venha botar bedelho na minha não. Achar que pode fazer o mesmo comigo. Minha vida não veio com manual e eu vou aprendendo aos pouquinhos. Prefiro assim. Pode ser?
A sua mala está pronta e eu fiz questão de não conferir quais gravatas você está levando. Quais cores usa longe de mim. Não quero saber quem é você quando não é quem eu sei que você não é. Nem quem vai te perceber como eu percebo. Quem vai te conhecer como eu te conheço. Eu que te conheço, mas não te reconheço. E quantos sorrisos largos você vai dar longe de mim? Você fechou o cadeado e eu te dei o bilhete. Te entreguei nas mãos a passagem para uma vida que pode não ser nossa. E me fechei para essa mesma vida, que eu achei que podia ser minha. E então você vai se misturar a eles. Vai aprender a dizer eu te amo em outras línguas. Eles vão dizer que eu não presto, que eu não sei metade. Vão tentar te convencer que a vida é muito mais divertida sem mim. E você vai acreditar. Vai voltar a sorrir largo e vai mesmo achar a vida mais divertida sem mim. Eu mandarei cartas, escreverei poemas, irei a festas, beberei em seu nome, gritarei mundo afora a vida que poderia ter sido. Quando eu me amar. E só quando eu me amar.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

E eu te perguntei porque. E você respondeu que a gente era um casal que combinava. E eu que esperava ouvir - porque eu te amo - engoli seco, segui adiante e dormi com essa. Pra mim quem combina é sapato com bolsa, arroz com feijão, pão com mortadela, verde e rosa. Eu não quero combinar. Eu quero amor. Eu mereço amor. Em todas as suas formas: amor-doce, amor-amante, amor-sacana, amor-fofinho, amor-amor. Simplesmente amor.