Um cantinho só meu
pra quando eu quiser ser só eu.


quarta-feira, 7 de outubro de 2009


Projeto Divulgação Cultural - Pesquisa e Levantamento de Dados procura parceiros!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Gravação de programa piloto do qual faço parte...
Tecnologia, interação, coletividade são palavras chaves.
É um vitrine pra mostrar que cada um é um, e cada um é diferente...
Mas no fundo somos mesmo todos iguais.

No momento só muitas fotos...
O resto ainda é surpresa.



























quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Em abril desse ano fui duas vezes a trabalho para Santiago, no Chile... Nos comentários que fiz a amigos falava 'acabei não conseguindo visitar muita coisa!' E era essa a percepção que tinh daqueles dias. Hoje uma grande amiga me disse que estava indo à cidade e resolvi arriscar escrever algumas linhas com dicas sobre a viagem, porque sei que temos gosto em comum e também porque realmente gostei muito da cidade. Ao começar a escrever, achava eu, umas 5 linhas, me deparei com um texto um pouco maior, em que as recordações e memórias daqueles dias pipocaram em frente à tela. Ao final do texto, cheguei à conclusão que sim, foram dias tensos e cheios de trabalho, mas eu havia verdadeiramente visitado Santiago. A cidade ainda está em mim... Posto aqui minhas recomendação à minha amiga, e quem sabe, não servem pra você também...

"Acabei gastando um tempinho escrevendo sobre minha ida à Santiago e percebi que até que consegui conhecer bastante coisa lá... Rs... A loucura do trampo não tinha me permitido reconhecer isso... Espero que gostem das dicas! Pra começar tentem acordar (caso são como eu, que tenta dormir em viagens de avião) faltando uns 40 minutos pra chegar em Santiago. Nos últimos 30 minutos de voo o avião passa por cima das Cordilheiras dos Andes, e o visual por si já é um espetáculo! O avião diminui a velocidade (porque está chegando ao destino), e as montanhas ficam bem perto mesmo... é lindo!


Vista aérea das Cordilheiras dos Andes.

A loja que falei é a Falabella. Só de andar por Santiago você vai ver anúncios e letreiros dela por todo canto, normalmente vermelhos. Lá eu comprei muitas coisinhas bonitinhas como acessórios, chapéus bolsas, bijus... Vale a pena também pra casacos de frio, que devem estar liquidando agora, né? Pra você ter idéia paguei cerca de $ 60 em um casaco de lã lindinho... As moças com certeza vão gostar mais que os rapazes... Tirem uma tarde de folga deles e mergulhem sem culpa! Deixem eles enchendo a cara em uma vínicola e sigam pra lá! Diz que tem também uns out-lets bem baratos, mas não consegui ir. Pergunta que você acaba descobrindo...

As vinícolas: o evento que fizemos foi na Tarapacá e Viña Santa Carolina. A Santa Carolina é pertinho, ddentro da cidade mesmo e dá pra ir super fácil. Lá é bem antigo e lindo, mas é pequena... Tem uma lojinha com vinhos de ótimos preços. Aquele que levei pra sua casa aquele dia é de lá! Se não me engano é o Reserva de Família. Dizem os entendedores que é um bom vinho com excelente custo-benefício. A Tarapacá é mais longe, mas dizem que o lugar é lindo, lindo, e tem uns kits também bem baratos. Só nas fotos já dá pra ver que vale a pena. Ela é mais refinada que a Santa Carolina (que é bem mais rústica, mas se não me engano é também a mais antiga!). A Concha e Toro também dizem ser legal, tem uns tours que você compra com passeios e tal, mas é mais longe, tem que contratar van.

Tonéis da Viña Santa Carolina.

Salão da Viña 'vestido' pra noite.

Todo mundo indica o Mercado Central. Tá certo, todo e qualquer mercado central é bacana, mas vá lá, não é um mega evento. Ele é pequeno, e o mais curioso mesmo é a atmosfera de competição que os garçons estabelecem por conta dos gringos (no caso nós!) Rs... Eles vêm que é brasileiro, já começam a puxar papo na hora, perguntam qual o time que torce e blá, blá, blá, você já sentou na mesa deles. Pros que gostam de frutos do mar uma boa pedida é a mariscada, ou aquele king crab que eles até trazem na mesa pra você fotografar e tudo. Meio barango, mas vá lá... faz parte! Eu, como não gosto, optei por um peixe muito bom, que recomendo, chamado congrio. Veio num prato tipo o nosso pf, mas com 2 (verdade!) ovos e batata frita! Uma bomba, mas pitoresco! Ah, a cerveja na caneca é bem gostosa também! O próprio Chile produz algumas gostosas...


Mariscada...

Congrio, ovos e fritas nadando no óleo: pf!

Um passeio, que eu particularmente não consegui fazer, é o teleférico de um parque municipal que fica exatamente atrás do Sheraton, em uma montanha. Sorry, mas não sei o nome exato. Dizem que lá em cima tem um restaurante que dá pra almoçar e aproveitar a vista. Super relax e fica num bairro lindo de lá... É só perguntar onde é o Sheraton, e ir pra trás dele!

Santiago vista de noite pela janela do Sheraton.

Vista de manhã pelo outro lado do hotel.

Um outro lugar bem legal é o Club de La Union, que foi onde fizemos o jantar do evento Lá é um clube inglês, privé, do tipo decadente (rs...), mas lindo, lindo! Várias peças de arte, bem antigas. Não sei se eles tem visitação ou mesmo se é possível jantar lá, mas fica pertinho também, bem no centro. Dá pra checar.


Club de La Unión preparado para noite de gala.

Ah, muito cuidado nessa hora: os taxis são super baratos lá, só que quando eles percebem que é gente de fora, sobem o preço. Ou seja, exija sempre pagar pelo taxímetro e não pela corrida. A menos que você faça um acerto que tenha certeza de que vale a pena. Num dia à noite quando falamos que íamos para o Sheraton, um deles falou “é quatro mil pesos”, sendo que pelo taxímetro não dava mais que mil e quinhentos.

Pra finalizar indico uma caminhada pela região central à noite, onde estão todos os bares, boates e afins. O bairro chama-se Providência. É famoso e o legal é passear a pé mesmo (a cidade é super segura!) e ir vendo as casas. Cada esquina tem um bar diferente: eletrônico, ao lado de reggae, ao lado de música latina... Uma diversidade só. Os jovens fazem fila nas portas, as ruas ficam cheias de gente. Tem uma parte que é mais popular (mas que vale pelo programa cultural em si!) e uma outra onde estão os restaurantes mais chiques, pubzinhos e tal. Se quiserem um jantar bem legal eu recomendo um restaurante! Se não me engano chama “Como Agua para Chocolate”. É D-I-V-I-N-O! A melhor parte, é claro, é a sobremesa... Não deixe de pedir o famoso Tres Leches da casa. É de comer rezando!"

Voilá!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Meus pés se afundam em uma lama negra que sobe devagar e me coloca em uma sombra sem fim. Vai entranhando meus poros, devagarinho, com força de mágoa retorcida que eu finjo que não vejo. Vejo e sinto, e vejo, e sinto. Sinto muito, digo eu na amargura desses meus muitos dias desperdiçados. Mas eu vejo, sinto muito, que eu não merecia tanto desamor. O que eu tinha virou um pó que agora custa a decantar. Tá no ar, parado, fazendo minha respiração menos viva. Uma alergia ao futuro que me consome, como algo que não vai virar realidade. Me lembro dos primeiros dias e desde lá eu achava que não era pra ser. Sentia, não sei se já disse, que tinha prazo de validade. E a vida foi me fazendo acreditar devagarinho e quando eu realmente acreditei, e vivi, e sonhei, ela soprou no meu ouvido direito que eu não acreditasse. Se tivesse soprado no esquerdo talvez eu tivesse corrido a tempo de reverter tamanho descuidado. Mas o direito, ah o direito. Fez meu coração virar pedra e minha cabeça assumiu o controle da minha vida. Os “e se” que já não faziam parte de mim começaram a pipocar e eu virei alguém que duvida novamente. Já não sei se houve amor algum dia. Juro que não sei. Duvido com a força de quem não duvida de muita coisa na vida. Sinto um amor-quase-amor desses que eu também já senti. E talvez por isso eu mesma o reconheça. Um amor desbotado talvez, mas não amor com o meu: forte, reto, direto. Se existe, é sinuoso, duvidoso, escapa.
Não me convidaram a entrar nesse sonho. Foi sonhado sozinho, sem minha ajuda. Boba eu que imaginei que seria convidada. Quase a dona da festa. Não fui. E não serei. Isso eu já aprendi. Só agora eu aprendi. Retratos de gente bem resolvida que não precisa de afago. Nem de consolo. Eu não sei do se trata. Deveria, mas não sei. Só detalhes… Mas outros que te viveram bem menos o sabem. Bem mais que eu. Querida meia amiga, eu lhe digo, e preste atenção no que eu lhe digo, pois eu demorei muito a descobrir e agora te dou de mãos beijadas: saiba você que os sonhos não sonhados acontecem bem mais depressa. E eu, que não tenho carisma e nem dei pro diretor, sou apenas um corpo parado no ar, nas incertezas dos meus sonhos que de tão sonhados parecem que não tem corpo pra virar matéria. Aproveite seus momentos, cara amiga. Isso lhe digo. Desfrute cada detalhe. E se quiser, fique à vontade nesse mundo que era só meu. Mas vê se no the end você me liga e me conta como foi feliz. Assim eu quero, prometo a você. Assim eu quero. Tamanho é o meu amor. Quero-o feliz até longe, se assim a vida quiser. Quero meus sonhos felizes na vida de qualquer outra. Se assim se vida quiser.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Diz pra mim que nunca fingiu um orgasmo, que jamais mentiu sua idade, seu peso, que não pinta o cabelo, que está super feliz, que não pensa mais nele e que lembrou do aniversário, mas estava viajando a negócios. Diz que não conta pros amigos que traçou ela no primeiro encontro, nem que disse pra ela que ligaria no dia seguinte. Eu sei que não é verdade que você gostou da blusa cor de abacate que ganhou do chefe na festa de amigo oculto da empresa, que gosta de lambida na orelha, de fazer sexo oral. Admite que não gosta de comédia romântica, que não se lembra do primeiro encontro e muito menos da roupa que ela estava usando. Que nunca soube quantas tequilas tomou e que foi você quem a beijou. Mente vai. Mas mente com força porque eu sei que você sabe, que eu sei que você sabe, que eu sei que você mente que seu intestino funciona regularmente, que você está satisfeita com seu casamento, que o filho foi desejado, que nunca deu pro chefe, que ama sua sogra, que não vê filme pornô, que nunca se masturbou no chuveiro, que está satisfeita com seu emprego e que nunca teve vontade de matar alguém. Espalha que jamais pensaria em suicídio, que nunca tomou remédio pra emagrecer, que engole mas que tem nojinho daquilo. Mente que nunca beijou mulher, e finge que não se lembra que beijou homem e mulher ao mesmo tempo. Me diz que nunca cheirou cocaína, detesta maconha, jamais colou meleca na parede, nunca fez pum dentro do elevador sozinha, e não foi quem comeu desesperadamente uma lata de sorvete e três caixas de Bis em menos de 43 minutos, no dia em que ele te deu o fora. Duvido que você não tenha comparado seus seios com os dela, o tamanho do dito cujo do atual com o do ex, ou que não tenha reparado na quantidade de celulite que ela carrega na bunda. Mas já falei, que se vai mentir é pra mentir mesmo, sem deixar eu perceber que você tem inveja da sua amiga, que morre de ciúmes dele, que não suporta o hálito cheirando a cigarro que ele insiste em exalar, que adora mocassim com meia. Mente que fico linda quando acordo, que sou sua alma gêmea, sua cara-metade, a mulher da sua vida, a menina dos seus olhos, seu porto-seguro, sua luz no fim do túnel. Mas se vai mentir, mente direitinho.
Faz frio aqui, principalmente sem seu afago quente bem posicionado atrás do que eu sou. Mais de seis horas separam a gente e milhões de quilômetros, pessoas, países e um universo inteiro que não me deixa pensar. Penso e é esse meu mal. Penso demais. Sei que você apaga os rastros, não se faz entender e meu joelho dói. Dizem os especialistas que joelho indica estima. Não duvido que a minha esteja abalada. Não deveria, eu sei que não deveria. Mas é esse outro meu ponto fraco. São vários, deixe que te avise, antes que acredite no que dizem de mim aí fora. Que sou perfeita. Todos mentem, menos eu. Sou possessiva, louca varrida, covarde e não gosto de escovar os dentes. Meu joelho dói, minha cabeça dói, meu corpo todo dói e meu coração não entende bulhufas do que se passa aqui dentro de mim. E eu continuo sem sono, é melhor que te avise. E quando começar a falar besteiras é porque sei que está na hora de dormir. Se eu não desconfiar just let me know, ok? Odeio ser a última a saber. Odeio também não ser boa em alguma coisa. Queria nascer sabendo tudo. Ou poder configurar programas, simples assim. Odeio não saber fazer minhas próprias unhas. Pronto: já comecei a falar besteiras e você, nem ninguém, me avisou. E pra ser sincera não sinto que você vá me avisar alguma coisa algum dia. Que vai me dizer a verdade. Não vai. Vai me pegar de surpresa. Eu sei, eu sinto e não é mais um ataque de quem se sente perseguido. Aliás tem um nome pra isso que eu acho que eu tenho... God'dammit! Eu odeio saber que vou ser surpreendida!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Existe um momento. E é cíclico, eu posso dizer. Em que eu me afundo em mim mesma e perco as forças. Todas elas. Dos pés, das mãos. Me enfio debaixo do edredeon e fico esperando passar. Luzes apagadas, o dedo contantemente no controle remoto. Falta vontade de sair de casa. Sobra medo do futuro. Hoje aconteceu. Ultimamente tem acontecido com certa frequência, devo confessar. Como se eu não tivesse as forças necessárias para re-des-começar de novo. And again and again and again… Mas daí, como uma boa racional tentada ao auto-conhecimento, ou auto-enlouquecimento, diriam outros, lembro que as escolhas foram minhas e dessa vez, prometo, não durará além de hoje. Estou disposta, realmente disposta, a assumir as rédeas, agarrar o boi pelo chifre, sentar no banco do motorista. Mas amanhã, só amanhã. E hoje, ainda hoje, sigo seguindo o fluxo que meu corpo quer. Preciso experimentar profundamente, me debruçar sobre mim mesma e depois emergir. Renascida das cinzas. Que me esperem. Estou realmente decidida! Mas amanhã, só amanhã.

domingo, 3 de maio de 2009

Depois de mais de dois anos desde o primeiro dia em que disse pra mim, estou treinando, pela primeira vez me vi sozinha numa praça. Apenas eu, minha respiração, minha vontade e os obstáculos. Num primeiro momento não soube o que fazer. Comecei apenas começando. Pelo mais fácil. Alonguei braços, pescoço, pernas, articulações e minha mente a mil, sem me dar tréguas, apenas me perguntando: O que diabos você pensa que vai fazer aqui sozinha? Passei a fazer coisas com as quais já estava habituada: flexões, agachamentos, abdominais. E minha mente ainda me desafiando: O que diabos você pensa que vai fazer aqui sozinha? A temperatura do meu corpo esquentou, meu sangue começou a circular com mais rapidez e uma onda de coragem me invadiu. Não que eu estivesse disposta a realizar movimentos incríveis. Não. Eu estava apenas disposta a começar. Disposta a me mover. Coisa que por tempos eu sequer tive coragem. Fiz alguns precisions, outros movimentos que preciso confessar que não sei o nome, alguns equilíbrios, subi muros. Experimentei sequências mais elaboradas com três movimentos seguidos. Alternei com outros movimentos de força e me senti viva. Como nunca havia me ocorrido, algumas fichas caíram. Por mais que eu tivesse lido textos de traceurs mais experientes, por mais que eu já tivesse escutado deles as melhores formas de fazer, pela primeira vez realmente entendi, com meu corpo e não com a minha mente, os porque de várias coisas que eu sempre ouvia. Meu corpo, e não minha mente, me permitiu sentir coisas importantes, que descrevo agora para que eu mesma nunca as esqueça:

Que a mente da gente prega peças e que muitas vezes ela resolve falar conosco milésimos de segundos antes da execução de um movimento. Você não vai dar conta! Esse não é pra você. Quem você pensa que é pra fazer isso? O que foi mesmo que eu comi no almoço? A mente pode ser nossa aliada, mas pode também facilmente se transformar em nosso maior vilão. Perder o foco é fácil. Mantê-lo é mérito. Cale sua mente! Calada ela funcina melhor em seu favor.

Que é importante não deixar a energia se esvair. Mexa-se, não pare, evite sentar-se. Para um treinamento mais produtivo combine consigo mesmo um pequeno desafio para o dia. Apenas entre você e você mesmo. Farei 10 repetições de um movimento. Farei outras 10 repetições de outro. E vá vencendo os pequenos desafios aos poucos e vá se gratificando por executá-los. Tome um gole de água. Alongue-se. Mas não pare. Energia parada é energia desperdiçada. Alterne movimentos de certa dificuldade, com movimentos de força. E ao final, sem reparar já realizou 50 flexões, 100 abdominais, se mantendo em movimento por quase uma hora.

Que os locais mudam muito pouco, o que deve mudar é nossa forma de enxergá-los. Exercite um novo olhar sobre as coisas. Procure novos ângulos. Pense diferente. Como atingir aquele local de uma nova forma, como executar aquela velha forma em um novo local? O que há que ainda não tentei? Tente e surpreenda a si mesmo. Tenho um amigo que funciona como um exemplo vivo. Ele não pára, ele não sossega, ele está sempre em busca, à procura. E a própria procura o instiga sempre a ser criativo. Ele erra bastante. Algumas boas vezes acerta. Mas está sempre tentando.

Que fazer movimentos novos pelo menos três vezes corretamente é essencial Você precisa mostrar ao seu corpo que sim, que ele fez, que ele completou. Nosso corpo tem memória. Memória viva, em movimento. Por isso não esquecemos coisas que são bem aprendidas e bem repetidas, como nadar, andar de bicicleta. Faça a memória do seu corpo funcionar. Force-se a repetir. Quando existe um despêncio grande de adrenalina na nossa corrente sanguínea, o corpo tende a querer parar. Viveu aquela experiência. Ultrapassou o limite. Pronto. Acabou. Mas não… Force-se a repetir. Faça seu corpo ter certeza e repita. Espere o tempo necessário. Nem muito, nem pouco. E repita.

Que mesmo quando treinar na companhia de outras pessoas, é importante exercitar a solidão. Vá para cantos, respire fundo, se encontre, perceba-se. Isso te fará aprender a não dar importância para o que dizem. E nem importância para o que você pensa que os outros estão pensando. O motivo de estar ali é apenas seu e só você sabe qual é. De tempos em tempos reviva a possibilidade de estar só em treinamento, mesmo que outras pessoas estejam ao seu lado treinando. Re-experimente a sensação de contar apenas consigo mesmo.
Eu já tinha resolvido. Estava decidida. Pronta para dizer as palavras que você não teve coragem de dizer. Pronta pra tomar a decisão que você não teve coragem de tomar. Os sinais estavam claros, as pistas apontavam definitivamente. E eu resolvi que te devia esse favor. Acabei optando por seguir em frente, já que você também já demonstrava que não queria mais seguir em frente. Respirei fundo. Decorei seu texto. Ensaiei em frente ao espelho. Pensei nas suas pausas. Nos momentos em que poderia me permitir chorar, como se eu fosse mesmo respeitar. Respirei fundo novamente e bati na porta. Você me atendeu de um jeito diferente. De um jeito que eu sentia saudades. Me cobriu de doze beijos estalados e eu perdi a fala. O texto não veio. Os motivos não vieram. Caiu a máscara. Fiquei sem fala, sem jeito, sem rosca. E meu sub-texto não apareceu. Pensei: Afinal de contas porque mesmo eu havia pensado nisso?
Escrito em 2006. Pra mim sempre pertinente...
Recuperando escritos que estavam perdidos em outros blogs já deletados...


Sofro por antecedência com medo de que isso vá embora. Piedade de mim mesma. Com dó do que vai vir a ser. Não curto massagem, não penso em casamento, não acredito em amor-eterno. E é essa noção de efemeridade que acaba comigo, me mata devagarzinho. Preferia ser burra a saber que tem fim. Mas eu sei. E sinto. E dói tanto. O ignorante é que é feliz!

Fico me perguntando até quando você vai me encher de muito só de olhar? Até quando vai dizer tudo sem dizer nada?

Me leva pra longe. E se acabar a estrada, por favor me avisa, porque não quero ser pega de surpresa. Porque de mim sei eu. E digo que faço de um tudo pra manter o pouco de novo que der: na roupa, no viço, na bossa... Mas sei eu, que sempre é quase ali virando aquela esquina.

Mas não me deixa cair do nada. Vai me colocando aos poucos no chão. Faz esse cuidado pra mim. Faz esse mimo comigo. Que eu não hei de agüentar me ver vazia de novo.

Me avisa assim que a primeira bolha estourar. Me conta quando o trem não passar. Me mostra
quando a água secar. Não quero ser a última a saber. Nem a primeira. Quero ir sabendo, assim como alguém que vai descobrindo que ficou velho. Que não viu o tempo passar

Mas promete que fica até quando não der mais. Sustenta o salto, segura a onda, não come a última mordida. Saboreia até quando não der mais. E vai embora só quando eu estiver quase dormindo. E se possível não me deixa perceber nunca. Entra nos meus sonhos e finge que é de verdade. E lá, nos meus sonhos, continua me levando pra longe, me enchendo de muito...

sábado, 2 de maio de 2009

Difícil convencer alguém de que você vale a pena… Dizer: olha eu sou legal, eu sou bacana. Eu sou aquele alguém que um dia vai te fazer feliz. Porra! Que responsabilidade doida essa de fazer alguém feliz. Ninguém faz ninguém feliz. As pessoas são ou não felizes. Agora convencer alguém de que você pode compartilhar essa felicidade construindo seu barraquinho ao lado já é outra coisa. Dizer: olha, vamos tentar aproveitar a fundação pra economizar concreto. Que tal construir uma cozinha compartilhada?

Daí você tem que provar que é legal, que é viável, que não fuma, não bebe e que será uma parceira sexual incontestável. Que pode parir três filhos sem problemas, que vai continuar firme até os 45, e que não liga se os amigos vierem beber em casa domingo à noite. Que sabe passar, lavar e que sozinha consegue pagar as despesas da casa, caso fosse preciso. Mundo doido esse nosso em que você não pode ser simplesmente o quer e sim aquilo que querem que você seja. Já se formou? Casou? Engravidou? Juntou o seu primeiro milhão? Não usa salto alto? Não conhece Paris? Não bebe Merlot? Nunca experimentou Botox? Largou o emprego? Sem motivos aparentes? Cansou? Como cansou?

Gente! A vida é minha e eu faço dela o que eu bem entender. Se eu quiser rasgar e jogar no lixo eu jogo! É minha! Eu que comprei. Esperei na fila da reencarnação e paguei em suaves prestações. Então me deixa fazer com ela o que eu quiser. Se eu quiser pintar ela de verde com bolinhas roxas eu pinto. Se eu quiser desperdiçar, eu desperdiço. Posso deixar minha vida guardada na gaveta se eu quiser. Posso jogar ela de grilha pela janela. Ela é minha, só minha.

Agora, se você que é um garoto esperto quiser usar a sua como bem entender, fique à vontade. Mas só porque está vivendo uma vida que te ensinaram e não a que você realmente quer, não venha botar bedelho na minha não. Achar que pode fazer o mesmo comigo. Minha vida não veio com manual e eu vou aprendendo aos pouquinhos. Prefiro assim. Pode ser?
A sua mala está pronta e eu fiz questão de não conferir quais gravatas você está levando. Quais cores usa longe de mim. Não quero saber quem é você quando não é quem eu sei que você não é. Nem quem vai te perceber como eu percebo. Quem vai te conhecer como eu te conheço. Eu que te conheço, mas não te reconheço. E quantos sorrisos largos você vai dar longe de mim? Você fechou o cadeado e eu te dei o bilhete. Te entreguei nas mãos a passagem para uma vida que pode não ser nossa. E me fechei para essa mesma vida, que eu achei que podia ser minha. E então você vai se misturar a eles. Vai aprender a dizer eu te amo em outras línguas. Eles vão dizer que eu não presto, que eu não sei metade. Vão tentar te convencer que a vida é muito mais divertida sem mim. E você vai acreditar. Vai voltar a sorrir largo e vai mesmo achar a vida mais divertida sem mim. Eu mandarei cartas, escreverei poemas, irei a festas, beberei em seu nome, gritarei mundo afora a vida que poderia ter sido. Quando eu me amar. E só quando eu me amar.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

E eu te perguntei porque. E você respondeu que a gente era um casal que combinava. E eu que esperava ouvir - porque eu te amo - engoli seco, segui adiante e dormi com essa. Pra mim quem combina é sapato com bolsa, arroz com feijão, pão com mortadela, verde e rosa. Eu não quero combinar. Eu quero amor. Eu mereço amor. Em todas as suas formas: amor-doce, amor-amante, amor-sacana, amor-fofinho, amor-amor. Simplesmente amor.

domingo, 26 de abril de 2009

Tive medo de ver um filme de amor hoje, logo hoje, que meu pobre coração - óh pobre coração - parece do tamanho de uma uva passa. Maltratado. Arrasado. Amassado. Cravado de incertezas. Logo hoje, que meu coração ressente os desgastes de um amor mal resolvido. Ou bem resolvido até demais. Que Tristão e Isolda tivessem sofrido menos, e que eu soubesse que o meu fim será menos trágico. E o pior é que não sei. E conviver com essa dúvida faz meu probre coração murchar dariamente. Mas e porque sofrem os amores? Maltratados pela rotina. Desgastados pelo dia-a-dia de acordar e dormir procurando razões que as próprias razões às vezes reconhecem por demais? Seriam felizes aqueles que conseguissem se apaixonar a cada dia. A cada noite bebida com vinho do amor de Isolda. Renovado diariamente, num romance eterno infindável. Amor por si só já é dolorido demais porque faz conviver com a dúvida da eternidade. Ou com a certeza da efemeridade. Do sofrimento. Se pudéssemos nós optar pelo amar ou não-amar, ou por des-amar antes de ser des-amado, será que o faríamaos? Se você começasse a amar sabendo que um dia ia acabar, escolheria o não amar?

terça-feira, 21 de abril de 2009

Viver sozinha é fácil. Difícil é escolher viver acompanhando. Também eu cheguei a ter dúvidas quanto ao que quero. Como quero e quando quero... Mas optei por escolher uma vida de dois. Ou melhor, duas vidas de dois. Mas talvez tenha optado e esquecido de que é preciso dois pra se viver assim. Talvez eu tenha me descoberto demais. Abri demais tudo o que sou e o que não sou e por isso me tornei uma figura desinteressante. Mas eu sim, ainda sim, me acho meio que interessante. Em todas as minhas formas desinteressantes. Em todos os meus indefectíveis defeitos… Humana, errada, torta, gorda, chata, irritada e irritante. Penso que até deve haver certo charme neles todos. Mas a miopia do dia-a-dia te fez parar de enxergar. É justo. Justo o bastante pra vida que é cheia de surpresas e nos reserva um bocado delas quando a gente acha que está seguro na nossa bolha de vidro. Vendo a vida passar em câmera -lenta, às vezes em branco e preto. Daí, quando menos se espera, vem uma onda e te carrega, te joga de um lado pro outro, te lava, você se afoga em si mesmo e acaba respirando um ar puro de novo. E em algum momento uma golfada de vida te traz de volta...

Sobre mim mesma o que posso dizer é que ainda estou na parte do afogamento, transtornada por não ter percebido os sinais. Talvez cega por confiar demais em uma relação que é como qualquer outra, suscetível à própria vida.