Um cantinho só meu
pra quando eu quiser ser só eu.


domingo, 3 de maio de 2009

Escrito em 2006. Pra mim sempre pertinente...
Recuperando escritos que estavam perdidos em outros blogs já deletados...


Sofro por antecedência com medo de que isso vá embora. Piedade de mim mesma. Com dó do que vai vir a ser. Não curto massagem, não penso em casamento, não acredito em amor-eterno. E é essa noção de efemeridade que acaba comigo, me mata devagarzinho. Preferia ser burra a saber que tem fim. Mas eu sei. E sinto. E dói tanto. O ignorante é que é feliz!

Fico me perguntando até quando você vai me encher de muito só de olhar? Até quando vai dizer tudo sem dizer nada?

Me leva pra longe. E se acabar a estrada, por favor me avisa, porque não quero ser pega de surpresa. Porque de mim sei eu. E digo que faço de um tudo pra manter o pouco de novo que der: na roupa, no viço, na bossa... Mas sei eu, que sempre é quase ali virando aquela esquina.

Mas não me deixa cair do nada. Vai me colocando aos poucos no chão. Faz esse cuidado pra mim. Faz esse mimo comigo. Que eu não hei de agüentar me ver vazia de novo.

Me avisa assim que a primeira bolha estourar. Me conta quando o trem não passar. Me mostra
quando a água secar. Não quero ser a última a saber. Nem a primeira. Quero ir sabendo, assim como alguém que vai descobrindo que ficou velho. Que não viu o tempo passar

Mas promete que fica até quando não der mais. Sustenta o salto, segura a onda, não come a última mordida. Saboreia até quando não der mais. E vai embora só quando eu estiver quase dormindo. E se possível não me deixa perceber nunca. Entra nos meus sonhos e finge que é de verdade. E lá, nos meus sonhos, continua me levando pra longe, me enchendo de muito...

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